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O fim da indústria da música

Atualizado: 21 de abr.

Muitos pensaram que era o fim, estavam certos: A tecnologia criou uma profunda disrupção nos últimos 20 anos, era o fim da indústria da música como a conhecíamos...


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Uma nova indústria nasceu, muito mais democrática, onde qualquer artista pode criar e gravar suas músicas e disponibilizá-las para tocar em plataformas de streaming com acesso planetário. Tocar na rádio era coisa do passado, assinar uma gravadora era coisa dos nossos antepassados, enfim a democratização chegou na indústria da música!


A coisa não é bem assim...


Até o lance de criar, gravar e disponibilizar tudo rolou dessa maneira, mas já o lance do rádio e da gravadora, acho que temos que conversar mais um pouco sobre isso.


Depois de toda essa transformação tecnológica, o que vimos foi uma grande concentração nessa indústria; Em um movimento de auto proteção, as gravadoras se juntaram (ou foram compradas) e ficaram somente 3 (Warner, Sony e Universal). Apesar de não ser um monopólio, o mercado ficou extremamente concentrado: essas 3 gigantes movimentaram 68% de todo o streaming do mundo no ano passado, ou seja, apesar do crescimento do mercado independente, eles ainda dão as cartas.


Em 2018, um empresário experiente do show business fundou uma empresa chamada Hipgnosys, abriu o capital na bolsa de Londres e, depois de ter captado mais de US$ 1bi, comprou o catálogo de obras de grandes compositores e promete aos acionistas retorno garantido com base nos direitos autorais que esses clássicos vão gerar ao longo dos anos tocando em rádios, TVs, filmes e propagandas.


Tá legal, mas qual o problema aqui?


O modelo de negócio do nosso amigo hipnótico é maravilhoso, ele diz que quanto mais velha mais valiosa é a música, pois é possível prever o retorno recorrente, ou seja, é uma comoditie melhor que ouro ou o petróleo. Mas essa lógica de valorização do autor já consagrado e concentração de poder em poucas empresas é benéfico para a indústria como um todo?


Eu acho que não, essa super concetração não ajuda a indústria. Como diria o grande Marceleza, ´é muita estrela pra pouca constelação´.


A democratização trazida pela tecnologia termina logo após o upload da música, porque a partir daí o modelo de negócio das antigas gravadoras é exatamente o mesmo. Saca só:


Para que um autor possa negociar seu catálogo com essa mega-editora, ele tem que ter músicas tocando em todos os lugares e um rendimento sólido em direitos autorais. Mas como ele vai conseguir competir com os monstros sagrados se o poder de fogo das grandes gravadores é infinitamente superior ao dele?


A indústria deveria estar aberta para os novos ritmos, talentos e tendências na mesma proporção em que celebra os clássicos. Sem essa abertura para o novo não haveria espaço para os Beatles, para a Bossa Nova, para o rock brasileiro dos anos 80, para o funk...


A Ponta da Praia quer mudar essa lógica, não queremos ser o David brigando contra o Golias (se bem que seria muito bacana...) mas queremos dar espaço para o novo compositor, queremos que sua obra se valorize para que um dia ele possa negociar com esses gigantes. Queremos subir o nível do mercado da música, e para subir o nível não é concentrando negócios e idolatrando o passado, mas dando espaço para o novo, é dando liberdade para a indústria a se renovar.


Não há música sem liberdade. Sem liberdade não há inovação, sem inovação não há renovação e sem renovação a indústria morre e não nasce outra...

 
 
 

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